Há sinais alentadores! Algumas vozes de sensatez estão se fazendo ouvir diante da massacrante campanha de difamação da população de origem alemã. Algumas semanas atrás, a revista Carta Capital publicou um texto que contraria o senso comum (como pode ser visto na nota "Uma voz no deserto"). Agora, está na internet a tese de doutorado de Taís Campelo Lucas intitulada Nazismo d’além mar: conflitos e esquecimento (Rio Grande do Sul, Brasil), defendida em 2011, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sob orientação de Cesar Augusto Barcellos Guazzelli (http://www.bibliotecadigital.ufrgs.br/da.php?nrb=000781090&loc=2011&l=b344b77eacf4e6b0). Nem a autora nem seu orientador nem a Universidade podem – a não ser por parte de alguém absolutamente maduro para o manicômio – ser qualificados de “hiperbestas reacionárias neonazistas”.

 

 

Vejam só algumas frases que estão nas “Considerações finais” da tese: “Entretanto, o índice de inserção do partido [nazista] entre os alemães residentes nesses países [Argentina, Brasil, Chile] era consideravelmente baixo”; “[o partido] congregou um número muito baixo de partidários em relação ao número de alemães estabelecidos no país [Brasil]”; “não havia, no entanto, interesse em atuar nos assuntos políticos do país de residência [Brasil]” (p. 202). “Ao considerar que a congregação de todos os cidadãos alemães natos era o objetivo principal dos núcleos nazistas no exterior, o fracasso no Rio Grande do Sul foi latente [aqui parece óbvio que a autora quis dizer 'evidente']. Apesar da visibilidade ganha através de manifestações públicas e da propaganda, a adesão ao nazismo no estado foi baixíssima” (p. 203). “Apesar da defesa da superioridade racial e do ódio aos judeus, não foram encontrados registros de enfrentamentos ou manifestações públicas de antissemitismo” (p. 204).

 

Ou seja, sim, existiu nazismo no Rio Grande do Sul; sim, ninguém pode aprová-lo ou elogiar sua atuação em solo gaúcho, mas, apesar de apoiado pelo governo federal e, sobretudo, pelo governador Flores da Cunha (até fins de 1937!), não há registros sobre cenas de barbárie – que são comuns no imaginário dos difamadores. Felizmente, mais uma manifestação acadêmica se esforça em colocar as coisas nas suas devidas proporções! Claro, não se pode ser muito otimista, porque isso não vai impedir que detentores de vistosos títulos de pós-doutorado vão continuar a difundir as bobagens usuais! Mas, felizmente, deve-se registrar que existe gente decente que está se expondo, para colocar as coisas nos seus devidos termos! Ontem foi o professor Rafael Athaídes, hoje é a professora Taís Campelo Lucas! Merecem nossa consideração, pela coragem acadêmica, pela honestidade científica! [6/9/2011]