Nesse sentido, a imprensa deste estado (RS) noticia, no dia de hoje (10/12/2009), uma operação da Polícia Federal contra o ex-reitor da ULBRA e seus supostos ou efetivos cúmplices. No noticiário, se afirma que a operação levou o nome de “Kollektor”, e que essa seria uma palavra alemã para “colecionador” (numa alusão óbvia a Ruben Becker e sua coleção de carros antigos). Tenho certeza de que Ildo Gasparetto, Delegado Regional da Polícia Federal, não teria gostado muito se uma operação de busca e apreensão da Brigada Militar ou da Polícia Civil gaúcha, em Cinquentenário (Tuparendi), tivesse recebido o nome de “Il collezionista”. No presente caso, o mínimo que se pode dizer, naquilo que tange à denominação da operação, é que a escolha não foi de todo feliz. Imagino que as pessoas que escolheram esse nome não se deram conta da extensão dos preconceitos que grassam na sociedade gaúcha (recomendo ler meu texto da seção OPINIÃO), de forma que uma parte significativa da população estabelecerá uma conexão entre as supostas ou efetivas irregularidades cometidas pelo ex-reitor com seu sobrenome alemão. Até a utilização de denominações como “Wittenberg” ou “Wartburg” (locais que lembram o luteranismo) teria sido compreensível, pois, afinal de contas, a operação visava ao ex-reitor da Universidade Luterana do Brasil (ainda que também essas denominações teriam sido, de todo, desrecomendáveis), mas o recurso a uma denominação que alude à origem étnica da figura central do episódio foi (repito), no mínimo, pouco feliz. Isso sem considerar certo prejuízo pedagógico, porque qualquer professor de alemão ensina que a palavra usual para “colecionador” é “Sammler”. [10/12/2009]