Semana passada, esteve em Porto Alegre o colega Sérgio da Mata, da Universidade Federal de Ouro Preto, apresentando uma interessante fala sobre como e para que escrever História, nos dias de hoje. Ao final, depois das perguntas dos ouvintes e das respostas do palestrante, pedi a palavra para enfatizar, sobretudo para os jovens estudantes presentes, que eles estavam diante do – disparado – maior conhecedor de Max Weber, entre os historiadores brasileiros. Recomendei que lessem seu brilhante livro A fascinação weberiana.

Hoje, leio a Folha de São Paulo, e me sinto, mais uma vez, reconfortado. Não sou tão jurássico quanto muita gente acha, por ter dito que nunca fui além de Weber, isto é, além de 1920. Por minha cabeça, passaram muitos pensamentos momentâneos: Raymond Aron declarando, na segunda metade do século XX, que as universidades tinham sido tomadas pelo marxismo, mas que se continuava a precisar de alguém que governasse o mundo, tarefa para os weberianos; Simon Schwartzman escrevendo, na década de 1970, um artigo intitulado “Back to Weber”, título que inspirou o título desta nota; Raimundo Faoro e seu Os donos do poder; a coletânea por mim editada em 1994 sobre Max Weber e Karl Marx – imaginada não para especialistas, mas para iniciantes –, em cuja introdução cito o grande historiador marxista (e, portanto, insuspeito) Eric Hobsbawm, o qual disse que Weber seria muito mais profundo que Marx, em algumas áreas, de forma que “mesmo que Weber sozinho não baste para a História, nenhuma História conseguirá bastar-se sem ele”; fiquei pensando se alguém já pensou em traduzir a grande biografia de Weber escrita por Dirk Kaesler, publicada na Alemanha em 2014?

Ah, faltou dizer que tudo isso passou pela minha cabeça enquanto estava lendo, na Folha, a entrevista de Fernando Henrique Cardoso, magnânimo em citar Weber, de forma expressa, em várias passagens. Para ler a entrevista, clicar aqui. [26/5/2019]