Conforme está anunciado no resumo desta comunicação, não se trata de uma contribuição inédita. Tentarei rememorar resultados de pesquisas já publicadas sobre aspectos políticos das regiões de colonização no Rio Grande do Sul, com ênfase especial para as regiões de colonização alemã – mas estou convicto de que várias das minhas observações e descobertas se aplicam, também, às regiões de colonização italiana, polonesa e de outra origem.

 

 

 

  No 6o Simpósio de História da Imigração e Colonização Alemãs no Rio Grande do Sul, promovido pelo Instituto Histórico de São Leopoldo, em 1984, Benjamin David Barbiaro apresentou um trabalho em que denunciou as agressões à natureza causadas pelos imigrantes alemães entre 1824 e 1830. As referências do autor se restringem, portanto, aos cinco anos iniciais da colonização, mas é legítimo pressupor que se o autor tivesse abordado um período histórico mais amplo suas conclusões sobre a devastação causada certamente teriam sido muito mais incisivas.

 

 

 

Quem fala dos resultados da imigração alemã em nosso estado quase sempre pensa em comunidades com alto grau de coesão interna, numa homogeneidade de pessoas no aspecto físico e nos traços culturais. Cidadãos melhor informados sabem, eventualmente, que existem algumas diferenças quanto à procedência regional (pomeranos, westfalianos), quanto à religião (luteranos, católicos), mas mesmo aqueles que têm essa consciência muito logo caem novamente na vala comum imaginando que, apesar de algumas diferenças, todos são vorazes devoradores de chucrute e de Eisbein. Vovó Emília Ikert não tinha a mínima idéia do que fosse Eisbein; quando queria fazer algo especial, fazia Borschtsch e Piroggen – ambos muito pouco germânicos.