No 6o Simpósio de História da Imigração e Colonização Alemãs no Rio Grande do Sul, promovido pelo Instituto Histórico de São Leopoldo, em 1984, Benjamin David Barbiaro apresentou um trabalho em que denunciou as agressões à natureza causadas pelos imigrantes alemães entre 1824 e 1830. As referências do autor se restringem, portanto, aos cinco anos iniciais da colonização, mas é legítimo pressupor que se o autor tivesse abordado um período histórico mais amplo suas conclusões sobre a devastação causada certamente teriam sido muito mais incisivas.

 

 

 

            No 6o Simpósio de História da Imigração e Colonização Alemãs no Rio Grande do Sul, promovido pelo Instituto Histórico de São Leopoldo, em 1984, Benjamin David Barbiaro apresentou um trabalho em que denunciou as agressões à natureza causadas pelos imigrantes alemães entre 1824 e 1830. As referências do autor se restringem, portanto, aos cinco anos iniciais da colonização, mas é legítimo pressupor que se o autor tivesse abordado um período histórico mais amplo suas conclusões sobre a devastação causada certamente teriam sido muito mais incisivas.

            A transcrição de alguns trechos do texto apresentado na ocasião e publicado nos anais do evento pode ilustrar a posição do autor sobre o assunto, mostrando que, mais do que uma constatação, efetivamente se trata de uma denúncia. “A tarefa de destruir a vegetação nativa e alterar o panorama natural teve participação passiva do governo imperial, que criou condições para tal, inclusive a instalação dos imigrantes estrangeiros, responsáveis ativos na ação depredadora, pois foram eles que levaram a efeito, de forma prática, a agressão ao meio ambiente natural. Tal agressão configurou-se através do desmatamento, caça de animais nativos, queimadas para a limpeza de terreno etc.”. Pouco mais adiante, diz: “O exemplo de perseguição aos felinos serve para ilustrar o sinistro fenômeno que se abateu sobre os outros animais silvestres, pois, além deles servirem como alimento e serem abatidos com o pretexto de representarem ameaça à integridade física do homem, também eram perseguidos pelo valor de suas peles e não raramente por simples deleite”. Tudo isso mostraria a total ausência de qualquer comiseração para com o meio ambiente entre os imigrantes alemães, pois “não interessava ou não preocupava esses colonos sequer deixar um vegetal que não fosse útil em pé. A terra lhes havia sido entregue com o objetivo de ser trabalhada. A mata virgem abundava, significando um sério entrave à civilização”. Em meio a essa terrível situação, somente o presidente da província, José Feliciano Fernandes Pinheiro, futuro visconde de São Leopoldo, teria manifestado alguma preocupação com a natureza, ao determinar a preservação da vegetação ao menos ao longo dos cursos de água e em algumas outras áreas, onde a derrubada da mata não fosse estritamente necessária. Com isso, Fernandes Pinheiro mostrou que “tinha plena consciência de que a manutenção de parte das reservas florestais seria indispensável para que os recursos oferecidos pela natureza não se esvaíssem”.[1]

            O texto, portanto, procura deixar muito claro que os colonos alemães não tinham nenhuma preocupação ecológica, e que só uma elite externa ao grupo, no caso o presidente da província, manifestava algum interesse por esse problema. Tendo em mente essa manifestação de Benjamin Barbiaro, quando, em 1996, estava sendo montado o livro Nós, os teuto-gaúchos, o assunto foi apresentado àquele que então aparecia como expoente máximo do movimento ecologista do Rio Grande do Sul, José Lutzenberger.[2] Ele disse que discordava do ponto de vista de Barbiaro, destacando que não via o imigrante e a agricultura praticada na tradicional pequena propriedade das regiões de colonização alemã e italiana do Rio Grande do Sul como especialmente agressivas à natureza. Pensava que a vida na pequena propriedade colonial permitia uma convivência relativamente harmônica entre o homem e a natureza. Convidado a escrever um texto sobre suas concepções a respeito para ser publicado no livro, não teve tempo de fazê-lo dentro dos prazos que o programa editorial exigia, de forma que não contamos com um registro escrito com sua opinião abalizada sobre o tema.

            Mas o livro apresenta um texto que, de forma indireta, permite deduzir alguns elementos de auto-avaliação de uma teuto-gaúcha sobre a contribuição da “colônia alemã” para a questão do meio ambiente em nosso estado. Hilda W. F. Zimmermann foi convidada a escrever sobre a Associação dos Ex-Bolsistas da Alemanha (AEBA), com sede em Porto Alegre. Além de integrante dessa Associação, foi co-fundadora da AGAPAN (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural) e, na época da redação do texto, era presidente da Sociedade Amigos da Amazônia Brasileira. No seu relato sobre as atividades científicas e culturais da AEBA, criada em 1964, destacou que o primeiro grande evento realizado em parceria com entidades alemãs ocorreu em 1980 sobre “Educação ambiental – para professores de primeiro e segundo grau”. Teria sido um evento “vanguardista”. Em 1984, a mesma Associação se dedicou à “Agricultura ecológica”, que, “mesmo antes de iniciar-se a divulgação pela imprensa, o evento já havia ‘estourado’ seu limite de vagas, contando com participantes de diversos estados do Brasil, inclusive Belém do Pará”. Segundo a autora, “a tomada de consciência pública com relação à qualidade alimentar, bem como as ‘feiras ecológicas’, hoje existentes, são, em parte, fruto desse seminário”. Em 1986, a Associação promoveu o seminário “Parques nacionais e reservas equivalentes no Brasil e na Alemanha”; em 1988 tratou, num seminário, da “Bacia do Gravataí, proposta de gerenciamento”, noutro sobre “Lixo – um problema com solução”, o qual teve prosseguimento, em 1989, com “O lixo como instrumento de resgate social”; em 1990 foi a vez da “Saúde ambiental”, em 1991 da “Biotecnologia como meio de aumentar a produção de alimentos”, em 1994 foi abordada a “Paisagem natural e cultural, experiências, métodos de planejamento e preservação”, em 1995 foi enfatizada a “Biotecnologia” e, finalmente, em 1996 foram realizados dois cursos, um sobre “Economia ecológica”, outro sobre “Economia ambiental”.[3]

            Não de deve esquecer que o período de que trata Zimmermann se localiza, cronologicamente, cerca de 150 anos depois da época de que trata Barbiaro. Mas não há dúvida de que a luz que ela lança sobre a “colônia alemã” na perspectiva da preocupação com o meio ambiente é bastante diferente – mesmo que se deva, ainda, destacar que os membros da AEBA não são exatamente “colonos”. De forma que se juntarmos AEBA e José Lutzenberger não será exagerado dizer que os “alemães” do Rio Grande do Sul deram uma contribuição significativa para a questão do meio ambiente no estado. Isso sem falarmos naquele que é considerado o precursor e idealizador do movimento ecologista do Rio Grande do Sul – Henrique Luís Rössler. E uma investigação sobre os militantes desse movimento certamente traria à superfície uma série de outros sobrenomes alemães, italianos e poloneses, sugerindo que a preocupação com o destino do meio ambiente no estado não pode ter sido um tema totalmente ausente entre os três grandes grupos de imigrantes mais identificados com o processo de colonização da metade norte do estado. Claro, dos citados, apenas Rössler teve uma atuação que se localiza, cronologicamente, antes de 1970, e, portanto, antes da fundação da AGAPAN.[4]

            No entanto, estudos sobre os movimentos sociais das regiões de colonização alemã, alguns dos quais, mais tarde, viriam a dar origem a um vigoroso movimento cooperativista, referem-se a discussões sobre o tema desde, no mínimo, a virada do século XIX para o XX.[5] Assim, no livro de Arthur Blasio Rambo sobre a Associação de Agricultores (Bauernverein), integrada por alemães e descendentes católicos e luteranos, cuja atividade coincide, grosso modo, com a primeira década do século XX, lemos que nas assembléias gerais dessa associação eram manifestadas “preocupações que se relacionavam diretamente com a preservação ou a deterioração dos solos”, incluindo “todas as formas de preservação da natureza”. E “essa questão não se esgotava simplesmente no aspecto econômico ou paisagístico. Influía diretamente na qualidade de vida possível dentro de uma determinada região”. Para isso, era defendida a preservação das matas nos topos dos morros e nos aclives mais íngremes, nas novas regiões de colonização, e o reflorestamento por faixas transversais naquelas regiões em que o desmatamento desses tipos de terreno já havia sido levado a efeito. O próprio autor reconhece que essas sugestões se mantiveram muito mais no terreno teórico do que passaram para a prática, porque depois do encerramento das atividades da Associação de Agricultores, verificou-se que “essas idéias caíram em chão pouco favorável e só medraram em casos e situações isoladas”.[6]

            A preocupação das lideranças da Associação de Agricultores coincidiu com a posição do governo gaúcho da época. Em 1899, a lei n. 28, de 5 de outubro, legislara sobre as terras públicas. No ano seguinte, o extenso decreto n. 313, de 4 de julho, regulamentara essa lei. Os artigos 166 a 169 do decreto tratavam do “regime florestal”, incluindo aquilo que foi denominado de “florestas protetoras”, e neles podemos ler as seguintes definições: “são florestas protetoras todas aquelas que, estando situadas nas altitudes, sobre encostas escarpadas, em pontos culminantes, arestas, cumes de montanhas, declives, ou que, achando-se localizadas nas regiões das nascentes, em desfiladeiros e barrancos, à beira de rios e arroios, ou que, suprindo, enfim, a insuficiência das matas de uma zona, servem de proteção contra as influências climatéricas, as assolações dos ventos, a queda das pedras, os aluimentos do terreno ou depressões, as enxurradas ou inundações” (art. 168). Essas “florestas protetoras” podiam ser públicas ou privadas. “Sobre umas e outras pode o Estado exercer a sua superior vigilância, a fim de prevenir as alterações do clima e conservar a fertilidade da terra, tendo em vista que a cultura agrícola do solo da floresta nem sempre compensa os prejuízos que resultam: a) da decomposição dos princípios orgânicos e esgotamento do terreno; b) da lavagem das terras pelas águas pluviais, sobretudo nas declividades rápidas; c) da multiplicação de insetos nocivos às culturas florestais” (art. 169).[7]

            No âmbito dos fluxos de imigração centro-européia para o Rio Grande do Sul (e também para o Brasil, em geral), a imprensa teve um papel muito importante. Uma parte substantiva das informações sobre o processo imigratório e seus desdobramentos na seqüência do tempo pode ser buscada nos vários tipos de imprensa de língua alemã presentes nas regiões de colonização. O livro que reproduz os trabalhos apresentados no evento promovido pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), em 2002, sobre o tema “Imigração e imprensa” dá conta da importância que ela teve nesse contexto.[8] Por isso, se justifica esta pequena tentativa de rastrear indícios sobre a questão do meio ambiente e sua caracterização em alguns órgãos de imprensa de língua alemã do início da década de 1920 até mais ou menos 1960. Esse é o período de ocupação definitiva das principais regiões de colonização no estado, ao final do qual já se registrava um forte fluxo de migração para além de suas fronteiras.

            Afora os diversos grandes jornais políticos e da imprensa ligada aos vários tipos de instituições culturais, recreativas, educacionais e religiosas, cabe lugar de destaque aos almanaques ou anuários (os Kalender).[9] Alguns deles eram publicados de forma avulsa por editoras, instituições religiosas ou até por empresas, como laboratórios farmacêuticos, no entanto, mais usualmente, estavam ligados a algum jornal político. Eram muito mais difundidos do que os próprios jornais, pois eram mais baratos que a assinatura de um periódico. Infelizmente, em razão da abundante publicidade que veiculavam, as empresas que os publicavam não costumavam divulgar o número de exemplares que colocavam no mercado. E, se o fizessem, poderia partir-se do pressuposto de que estavam inflacionando os números, para valorizar sua publicidade. No entanto, temos fontes de bastidores sobre um desses almanaques, o da editora Rotermund, de São Leopoldo, originalmente ligado ao jornal político Deutsche Post, mais tarde – quando esta deixou de existir, em 1928 – publicado sem vínculo com outro órgão de imprensa. O Kalender für die Deutschen in Brasilien atingiu, na década de 1920, a marca de 30.000 exemplares anuais, e a manteve durante muitos anos.[10] Isso significava uma tiragem que era, no mínimo, dez vezes maior que a do jornal da empresa. Se a gente levar em conta que hoje em dia para livros da área de Ciências Humanas o número-padrão de exemplares por edição está em torno de 2.000, pode-se imaginar o significado dos 30.000 exemplares do assim chamado Rotermund-Kalender, em plena década de 1920.

            Tendo em vista o interesse pela questão do meio ambiente nas regiões de colonização alemã, pareceu justificável utilizar os almanaques como fonte. E, dentre os diversos almanaques, pareceu razoável começar por aquele editado pela Serra-Post, ou Correio Serrano, jornal publicado desde 1911, em Ijuí.[11] Era um jornal que se apresentava como laico e – sob a perspectiva que aqui mais interessa – como “jornal teuto-brasileiro independente dos agricultores”. Onze anos após o início de circulação do jornal, lançou seu almanaque, o Kalender der Serra-Post, em 1922.[12] Na apresentação da primeira edição, podia ler-se que seu objetivo consistia em destacar aspectos das colônias da serra sob o ponto de vista geográfico, histórico e econômico (1922, p. 3). Nesse sentido, era, sem dúvida, o almanaque mais “interiorano” e mais diretamente ligado ao mundo agrícola e, portanto, ao meio ambiente, à natureza, já que o público a ser atingido pelos demais era mais heterogêneo, ou então específico para outras categorias profissionais.[13]

            Uma simples folheada nas páginas do almanaque dá conta da grande quantidade de matérias dedicadas a assuntos de interesse dos pequenos agricultores, com textos sobre plantas medicinais, sobre alimentação, sobre cuidados higiênicos, pecuária, agricultura, comércio, máquinas agrícolas etc.

            Naquilo que tange às questões diretamente ambientais, sobressai, desde o primeiro número, uma preocupação com a adubação, assunto que se estenderá por praticamente toda a existência do almanaque. Mesmo que, nesse contexto, haja referências à adubação orgânica, não há dúvida de que o destaque maior recaía sobre a adubação química. E os textos que tratam do assunto quase sempre se encontram próximos a algum anúncio de uma empresa ligada ao setor de distribuição de adubos químicos. No próprio texto a respeito, na primeira edição, de 1922, de autoria de W. Bauer, se sugere que os interessados busquem informações no Centro das Experiências Agrícolas do Deutsches Kalisyndikat (alemão), no Rio de Janeiro, cujo diretor, E. Mager, conheceria o Rio Grande do Sul e estaria disposto a prestar todo tipo de ajuda necessária. Na edição de 1923, um texto que trata do cultivo de batatas inglesas recomenda a aplicação de NPK (nitrogênio, fósforo e calcário). Em 1924, o mesmo W. Bauer assinou uma matéria sobre “A doutrina da alimentação da planta e seu mentor intelectual”, destacando que as plantas, no seu desenvolvimento, retiram substâncias da terra, que precisam ser repostas. Interessante é que em meio ao texto, que se estende das páginas 177 a 182, aparece um anúncio do citado Deutsches Kalisyndikat[14] (p. 181). Em 1925, há um artigo sob o título “O adubo químico e o aumento das colheitas em nossas propriedades” (p. 135-138), no qual é feita uma análise em perspectiva de longo prazo sobre o problema da conservação do solo. O autor considera que esse assunto não tem despertado o interesse que merece, por causa da abundância de terras que ainda há no Rio Grande do Sul. Por essa razão, parece possível para os camponeses exaurir o solo, sem uma preocupação com sua preservação, pois, esgotadas as terras num lugar, simplesmente se migra para uma área de colonização nova. Alerta, porém, que o espaço físico está cada vez mais limitado no estado e que num futuro não muito distante será necessário recuperar o solo, em função da impossibilidade de continuar transferindo residência para uma área nova.

            Um dos temas mais presentes nos textos que tratam de problemas dos agricultores é o da saúva. Na época, circulava um slogan folclórico que dizia “ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil!”. Mas – ao contrário daquilo que se pode encontrar em períodos mais recentes, com a recomendação da utilização de meios de combate “ecologicamente corretos” – os meios sugeridos para lidar com essa praga e também com parasitas vegetais sempre foram químicos.[15] A partir de 1930, as matérias sobre adubação química passam a constar próximas dos ou até são permeadas por anúncios da empresa Luchsinger, Madörin e Cia. Ltda., de Porto Alegre, a Adubos Trevo.

            Mas foi no número referente ao ano de 1936 que apareceu um artigo que mostra uma considerável distância entre a avaliação que se fazia naquela época em torno das ameaças à natureza, e avaliações mais recentes, como o “efeito estufa”, por exemplo. Num texto intitulado a “Seca mundial” (p. 105-108), o autor tenta explicar uma suposta seca que estaria ocorrendo em nível planetário desde 1933 – apesar da eventual verificação de enchentes em alguns lugares do mundo. Para começar, o texto explica que há como que uma absorção cíclica de água pelo interior da terra, o que levaria a uma escassez relativa na superfície. Não cabe aqui perguntar sobre a correção científica dessa afirmação. Importante é registrar que esse processo não é explicado como decorrente da atividade humana sobre a terra – muito pelo contrário, tratar-se-ia de um fenômeno absolutamente natural. Evidentemente, é registrada uma preocupação com os efeitos desse fenômeno sobre a vida humana, mas também aí não haveria razão para pessimismo e, muito menos, para pânico. Segundo o articulista, deveria apostar-se na grande capacidade de adaptação do homem às situações adversas. Os homens já estariam tentando diminuir sua dependência em relação às chuvas, adaptando a agricultura a precipitações pluviométricas mais baixas. “Em primeiro lugar, pode-se fazer uma preparação mais intensa e minuciosa do solo, para possibilitar uma maior retenção de água; em segundo lugar, pode-se recorrer a instalações para fazer irrigação e à utilização das enormes quantidades de água do subsolo, às quais se tem acesso através dos poços artesianos”. E a partir dessas considerações, o texto conclui de forma relativamente otimista com as seguintes palavras: “Assim vemos que, mesmo que a superfície da terra se torne mais seca nos próximos séculos ou milênios, a cultura humana de forma alguma será posta em xeque por isso. O espírito humano é suficientemente progressista para adaptar-se às novas condições, e a ciência e a técnica são, hoje em dia – e o serão muito mais no futuro –, capazes de prestar serviços inestimáveis nesse sentido”.

            Esse texto não parece ter representado uma exceção dentre as concepções dos editores do almanaque, pois no número referente ao ano de 1938 foi publicado um artigo com o título “Que ameaça o globo?”, em que foram manifestadas idéias semelhantes ao anterior. Claro, se a motivação de publicação do primeiro artigo foi uma questão concreta do meio físico, uma suposta diminuição das chuvas em nível planetário nos anos anteriores como tendência de longa duração, aqui a motivação talvez tenham sido manifestações culturais muito freqüentes no mundo rural sobre a proximidade do juízo final. Depois de uma explanação sobre a evolução da natureza física do universo no longuíssimo prazo, e que levará ao fim inevitável da terra, o autor consola seus leitores com a afirmação de que o fim não está nada próximo, que ele só ocorrerá “dentro de milhares de anos”. E termina suas considerações dizendo que os perigos a que o homem está exposto não provêm da natureza, mas de seu semelhante, através de guerras e do aperfeiçoamento de máquinas de destruição, que ameaçam de forma muito mais concreta a eliminação da vida humana do que o enorme poder da natureza.[16]

            É verdade que neste mesmo ano foi publicado um artigo com o título “Mais cuidado com o adubo da própria propriedade” (p. 212-216), no qual se lembrava que todo mundo falava em adubo químico, em detrimento do adubo orgânico. O adubo químico não deveria ser desprezado, mas deveria levar-se em conta que ele não forma húmus, o qual ajuda a manter a umidade do solo e ajuda na sua conservação, além de favorecer o aparecimento de bactérias, muito importantes para o desenvolvimento das plantas. Interessante é que a propaganda da Luchsinger, Madörin Cia. Ltda., que costumava estar bem próxima quando, no almanaque, se falava em adubo, desta vez estava a muitas páginas de distância desse texto (p. 149). O mesmo assunto também recebeu atenção na edição de 1940, num artigo “Sobre o combate a pragas e sobre adubação” (p. 106-109). Nele, se lembrava que o decreto federal n. 24.114, de 12 de abril de 1934, criara o Serviço de Defesa Sanitária Vegetal, destinado a supervisionar a distribuição e aplicação de venenos. Por isso, o texto do Dr. W. Mohr recomendou que na compra de venenos os agricultores verificassem se o produto estava devidamente autorizado. Quanto ao adubo em si, o autor admitia que no Brasil ainda predominavam a mentalidade e a prática de migrar assim que o solo perdia sua fertilidade original. Advertiu, porém, que essa possibilidade iria acabar dentro de algum tempo e, por isso, não haveria outra possibilidade do que adubar o solo, para manter sua utilização por tempo indeterminado. Mesmo assim, apesar de advertir sobre a necessidade de realizar cálculos sobre os custos do adubo químico, não fez nenhuma referência especial ao adubo orgânico.[17]

            Nos anos seguintes, esses temas pouco mudaram no almanaque. Mesmo que em 1949 Alarich Schultz tivesse sugerido uma perspectiva para o combate da terrível formiga cortadeira denominada saúva através da transplantação de uma formiguinha menor[18], que destruiria a praga, ele alertava para as dificuldades de transplantação do inseto e, portanto, para os limites de um combate “ecologicamente correto” – como se diria hoje em dia (p. 109-112). Já o engenheiro Otto Stobäus, de Ijuí, informou que, segundo cálculos, cerca de um terço da produção se perdia por causa da saúva, e recomendou a aplicação de bissulfureto de carbono (p. 215-217). Interessante é que o texto de Stobäus está entremeado por uma propaganda da Cooperativa da Produção de Inseticidas de Ijuí Ltda.

            Na edição de 1950, apareceu pela primeira vez um texto dedicado especificamente ao problema do reflorestamento, de autoria de A. J. Renner (p. 71-75). Alertava para o perigo que a erosão representava para os rios e riachos. Sugeria a abertura de curvas de nível, mas, sobretudo, a plantação de árvores em linhas transversais aos declives. Concretamente, propunha o eucalipto, pela rapidez de seu crescimento e pelo retorno econômico que daria. Sugeriu também a plantação da acácia, que, além da lenha, produziria o tanino para a curtição de couros, e fortaleceria o solo por ser uma leguminosa, cujas raízes produzem nitrogênio. Aproveitou para mencionar o eucalipto da espécie Renneriana-Arndt, desenvolvido através de cruzamentos por seu irmão Alfredo e por Carlos S. Arndt, que seria muito apropriado para terrenos pantanosos. Mostrou, inclusive, preocupação com as medidas práticas a serem tomadas para avançar nessa prática: sugeriu, em primeiro lugar, o engajamento das cooperativas, mas também dos professores, dos pastores, padres e comerciantes.[19]

            Diante desse resultado relativamente magro em relação às preocupações com o meio ambiente no almanaque do Correio Serrano, de Ijuí, optou-se por consultar mais dois órgãos semelhantes, também bastante ligados ao mundo rural teuto-gaúcho e que com muita freqüência apresentavam matérias sobre o contexto agrário e, nesse sentido, lidavam com o meio ambiente. Trata-se do almanaque Der Familienfreund e da revista mensal Skt. Paulusblatt.[20] Ambos estavam, de alguma forma, ligados ao movimento social católico chamado União Popular, uma continuação não mais ecumênica da citada Associação de Agricultores.[21] Do almanaque católico, foram consultadas as edições dos mesmos anos do de Ijuí, isto é, de 1922 até o final da década de 1950[22]; quanto à revista, foram consultados todos os números dos anos 1949, 1954 e 1959.[23] O almanaque era editado pela Tipografia do Centro, de propriedade da Família Metzler, enquanto a edição da revista tinha como responsável direta a União Popular. Talvez não seja de todo secundário registrar que em ambos os casos a ordem dos jesuítas mantinha vínculos relativamente estreitos com as duas instâncias. No caso do Skt. Paulusblatt, seu diretor durante todo o período analisado foi o jesuíta Balduíno Rambo.[24]

            Fato é que alguns aspectos constatados em relação ao tema “meio ambiente” no Kalender der Serra-Post se repetem em Der Familienfreund e também no Skt. Paulusblatt. Nesse sentido, a adubação química era recomendada, ao lado da orgânica[25] – e nesse contexto o discurso sobre a retirada de substâncias do solo pelas plantas e a necessidade de repô-las aparece da mesma forma e com a mesma ênfase –, a utilização de venenos contra a saúva e contra parasitas vegetais. Destacava-se também a importância do calcário para a vida vegetal e animal, incluindo o homem.[26] E vários outros temas se repetem, sem muitas diferenças, incluindo recomendações para o reflorestamento com eucalipto e acácia.[27]

            No entanto, uma leitura mais atenta também permite registrar algumas diferenças entre Der Familienfreund e o Kalender der Serra-Post. Na edição de 1928, por exemplo, encontra-se uma matéria sobre as queimadas, escrita por C. Däbritz, o qual afirma que desde a Associação de Agricultores – aquela entidade interconfessional do começo do século XX, referida acima – tenta-se restringir essa prática, mas sem muito sucesso. Explicou que as queimadas estragavam a alimentação das plantas. Se é verdade que o calcário e o fósforo não queimam e permanecem nas cinzas, o nitrogênio simplesmente “evapora”, mas é justamente ele o responsável pelo vigor das plantas. O salitre compensaria essa perda, mas para uma reposição integral seria necessária uma quantidade tão grande que se tornava economicamente inviável. Além do prejuízo a esses elementos básicos da nutrição das plantas, as queimadas também estragariam o húmus, outro elemento muito importante no processo de alimentação dos vegetais, pois é no húmus que se desenvolvem as bactérias. O autor, porém, admitia que para um agricultor seria impossível limpar um terreno originalmente coberto pela floresta sem realizar uma queimada. Mas o que deveria ser evitado é o abandono do campo para o surgimento de capoeira, mesmo quando essa prática se verificasse sob o argumento de que se destinaria a um processo de recuperação do solo. A agricultura deveria ser praticada de tal forma que o solo não se esgotasse e exigisse seu abandono, mesmo temporário (p. 112-114).

            Ao contrário do otimismo apresentado no almanaque do Correio Serrano de 1936 em relação à suposta seca planetária iniciada em 1933, com a defesa da tese da grande adaptabilidade do homem às mudanças do clima, Der Familienfreund de 1942 trouxe uma matéria sobre a enchente gaúcha de 1941. Segundo o autor, essa enchente teria ocorrido mesmo que o estado ainda mantivesse toda a cobertura vegetal original. Mas admitia que o problema teria sido menos grave, e que a simples redução de 10 cm no nível das águas, em Porto Alegre, teria poupado muito dinheiro. E, nesse contexto, foi feita uma abordagem mais geral sobre o problema dos cuidados com a natureza. O autor afirmou que o problema decorria das diferenças entre os interesses individual e coletivo. Para o indivíduo, o cuidado com a natureza evidenciaria muito pouco lucro. O indivíduo saberia que, esgotado o solo numa região, pode migrar para outra, e recomeçar o processo. Mas não se daria conta de que a possibilidade de expansão das frentes de colonização está chegando ao limite. Por isso, a importância em abordar o tema do reflorestamento. O autor refere-se ao eucalipto como alternativa, por causa de sua rentabilidade dentro de um prazo relativamente curto, enfatizou, porém, que não pretendia fazer a apologia desse tipo de árvore exótica, e sim uma defesa do mato em si, independente de seu valor econômico. E aqui vale a pena transcrever de forma literal algumas frases: “Só o mato permite ao agricultor fincar raízes profundas na terra”. “O reflorestamento enobrece o sentido do homem; ele o liberta da preocupação mesquinha do cotidiano em obter um lucro imediato e lhe permite divisar um horizonte mais amplo. Sim, ali à distância também se pode ver recompensa econômica. Mas o amor que se dedica ao mato, enquanto este vai crescendo, vagarosamente, ao longo dos anos, é o que mais importa”. Nesse sentido, o autor lamentou o fato de que até grandes empresas capitalistas se dedicassem ao reflorestamento, enquanto o colono, que não tinha a mesma ânsia de lucro que elas, não pensava nessa possibilidade (p. 249-250).

            Esse texto, apesar de não assinado, possivelmente foi escrito pelo padre jesuíta Balduíno Rambo, pois sete anos depois, o Skt. Paulusblatt, de abril de 1949 (p. 121-122), publicou um artigo assinado por ele, sob o título “Economia de bugre” (Bugerwirtschaft), que sugere que aquele texto pode ter sido escrito pelo mesmo autor. Neste último texto, Rambo afirmou que no Brasil a natureza não é bonita, e atribuiu essa situação à economia predadora, que ele denominou de Bugerwirtschaft.[28] “Isso provém da depredação e do assalto progressivos da floresta, da expansão do inço nos campos desgastados pelo cultivo e pela erosão, e da falta de temor e de respeito com que as dádivas da natureza são utilizadas e desperdiçadas”.[29] Segundo ele, os antepassados dos colonos vindos da Europa não tinham outra opção. Mas, por infelicidade, sua prática transformou-se em padrão e foi internalizada, a ponto de persistir inabalada. “Como uma heresia, essa coisa está nas cabeças de nossos colonos, como se só a terra nova fosse frutífera”.[30]

            Segundo Jean Roche, ao referir-se às práticas agrícolas de alemães e descendentes no Rio Grande do Sul, “nem as campanhas de vulgarização, nem os conselhos publicados nos jornais e almanaques parecem ter surtido efeito, particularmente os que diziam respeito aos processos de cultura e ao emprego de adubo”.[31] O fato de Rambo ter escrito o citado artigo, em 1949, sem que se notasse nos dez anos seguintes uma mudança sensível no discurso do Skt. Paulusblatt em relação ao meio ambiente – afinal, ele era o diretor da revista –, sugere que o próprio tenha capitulado em sua cruzada.

            Infelizmente, esta pesquisa teve uma abrangência muito limitada, e não permite grandes conclusões. Mas há indícios de que os efeitos pedagógicos da imprensa para a criação de uma “consciência ecológica” entre os colonos de origem alemã no Rio Grande do Sul foram relativamente restritos, ao menos até o final da década de 1950. Por outro lado, não há dúvida de que entre uma boa parte da elite intelectual de origem alemã estava bastante disseminada uma preocupação com a natureza e sua preservação[32], mas que, provavelmente, só a partir da década de 1970 em diante, a rápida expansão do agribusiness e seus efeitos imediatos na transformação do meio ambiente contribuíram para uma aproximação entre essa elite pensante e os colonos quanto a uma preocupação maior com os destinos do mundo natural que os cerca.

            Essa, porém, é apenas uma hipótese, que deverá ser testada através de pesquisas mais amplas e complexas.

 

 

 

 

 



* Trabalho apresentado no II Congresso Sul-Americano de História, realizado na Universidade de Passo Fundo, de 19 a 21 de outubro de 2005.

 

[1] Barbiaro, Benjamin David. A ocupação da terra e a conseqüente agressão ao meio ambiente: um estudo na área da imigração alemã no Rio Grande do Sul (1824-1830). In: Anais do 6o Simpósio de História da Imigração e Colonização Alemãs no Rio Grande do Sul – 1984. São Leopoldo: Instituto Histórico de São Leopoldo, 1994, p. 87-99 (aqui p. 88, 93, 94 e 95, respectivamente). Os grifos foram acrescentados por mim ao texto original.

[2] Fischer, Luís Augusto & Gertz, René E. (orgs.). Nós, os teuto-gaúchos. Porto Alegre: Editora da Universidade-UFRGS, 1996.

[3] Zimmermann, Hilda F. W. Associação dos Ex-Bolsistas da Alemanha (AEBA) (breve histórico, 1964-1996). In: Fischer & Gertz, op. cit., p. 138-144.

[4] Depois da escrita deste texto, surgiu a seguinte obra importante sobre o tema: Correa, Sílvio Marcus de S.; e Bublitz, Juliana. Terra de promissão: uma introdução à Eco-História da colonização no Rio Grande do Sul. Santa Cruz do Sul/Passo Fundo: UNISC/UPF, 2006. Seu conteúdo não foi incluído neste texto (nota acrescentada em 10 de junho de 2009).

[5] Sobre os movimentos em pauta, cf. Schallenberger, Erneldo. O associativismo cristão no sul do Brasil: a contribuição da Sociedade União Popular e da Liga das Uniões Coloniais para a organização e o desenvolvimento social sul-brasileiro. Porto Alegre: PUCRS, 2001 (tese de doutorado).

[6] Rambo, Arthur Blasio. O associativismo teuto-brasileiro e os primórdios do cooperativismo no Brasil. São Leopoldo: UNISINOS, 1988, p. 225.

[7] Iotti, Luiza Horn (org.). Imigração e colonização: legislação de 1747 a 1915. Porto Alegre/Caxias do Sul: Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul/EDUCS, 2001, p. 747-479 e 752-774 (aqui: 770-771).

[8] Dreher, Martin N. et al. (orgs.). Imigração & imprensa. Porto Alegre/São Leopoldo: EST/Instituto Histórico de São Leopoldo, 2004.

[9] Grützmann, Imgart. O almanaque (Kalender) na imigração alemã na Argentina, no Brasil e no Chile. In: Dreher et al., op. cit., p. 48-90.

[10] Gertz, René E. O aviador e o carroceiro: política, etnia e religião no Rio Grande do Sul dos anos 1920. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002, p. 35.

[11] Sobre o jornal, cf. Neumann, Rosane Marcia. Correio Serrano: órgão dos interesses regionais. In: Dreher et al., op. cit., p. 190-209.

[12] No decorrer do tempo, inverteu o nome, aparecendo também como Serra-Post Kalender.

[13] Estou pensando, por exemplo, no almanaque dos caixeiros viajantes (Musterreiter’s neuer historischer Kalender).

[14] Sindicato Alemão de Calcário.

[15] Para a questão da saúva, cf. Kalender der Serra-Post de 1925, p. 163-170; sobre parasitas vegetais, vide a edição de 1929, p. 129-134.

[16] Ao contrário do texto anterior, este está assinado pelo Dr. F. Laufe, de Innsbruck, e se encontra nas páginas 119-125 do Kalender der Serra-Post de 1938. Mas, mesmo se tratando de um texto produzido na Europa, sua intenção era conformar a opinião dos leitores brasileiros do almanaque.

[17] Como curiosidade, seja anotado o fato de que nos almanaques de 1940 e 1941 não aparece propaganda da Luchsinger, Madörin e Cia. Ltda.

[18] A “formiga cuiabana” ou Paratrichina fulva Mayr.

[19] Parece ter havido uma febre de introdução e plantio de eucalipto e de acácia nas regiões de colonização alemã desde o final dos anos 1920 (cf. Roche, Jean. A colonização alemã e o Rio Grande do Sul [vol. I]. Porto Alegre: Globo, 1969, p. 273).

[20] Cf. Silva, Haike Roselane Kleber da & Arendt, Isabel Cristina. Representações do discurso teuto-católico e a construção de identidades. Porto Alegre: Edições EST, 2000, p. 19 e segs. (sobre Der Familienfreund), e p. 121 e segs. (sobre o Skt. Paulusblatt).

[21] Além de Schallenberger, op. cit., cf. Gertz, René E. Catolicismo social no Rio Grande do Sul: a União Popular. Veritas, Porto Alegre, vol. 37, no 148, 1992, p. 553-579.

[22] Der Familienfreund começara a circular em 1912, e teve sua publicação suspensa durante a Segunda Guerra Mundial, voltando a circular em 1949, exatamente na mesma data em que reiniciou a publicação do almanaque de Ijuí.

[23] Cabe destacar que o formato do Skt. Paulusblatt é muito semelhante ao do almanaque Der Familienfreund.

[24] Para ser mais exato, Rambo deixou a direção em abril de 1959.

[25] Der Familienftreund, 1923, p. 133-135; 1924, p. 127-129; Skt. Paulusblatt, agosto de 1959. Uma novidade na adubação foi ventilada na edição de Der Familienfreund de 1938 (p. 93-94), com a utilização de ossos animais das charqueadas e de outros abatedouros.

[26] Também aqui essas recomendações podiam vir acompanhadas da sugestão de um produto que se encontrava no mercado. Assim, por exemplo, no almanaque de 1925 o tema do calcário aparecia em duas matérias muito próximas (p. 170-171 e 176), sendo que numa delas se recomendava Renascin e na outra ISIS-Vitalin, ambos produtos da indústria farmacêutica.

[27] Der Familienfreund, 1935, p. 112-115; 1939, p. 69-70.

[28] Uma outra tradução possível para o título é “Negócio de bugre”.

[29] Sobre a relação algo mítica de Balduíno Rambo com a natureza, cf. vários dos textos publicados em Rambo, Balduíno. Em busca da grande síntese (vols. I e II). São Leopoldo: Editora UNISINOS, 1994 e 1998.

[30] Uma avaliação da “técnica tradicional” nas práticas agrícolas das regiões de colonização alemã pode ser vista em Roche, op. cit., p. 286 e segs.

[31] Roche, op. cit., p. 289.

[32] Essa elite, evidentemente, tinha uma ligação intelectual e física maior com a Alemanha, onde, há muito tempo, existia o movimento romântico e vários tipos de movimentos que hoje chamaríamos de “alternativos”, com intensa ligação com a natureza.