- A Antropologia é, sem dúvida, uma área respeitada da produção acadêmica brasileira. Mas talvez também seja uma das áreas em que com maior frequência se manifestam figuras um tanto exóticas. Este site registra esquisitices fantásticas produzidas por antropólogo(a)s. Neste momento, é necessário referir a fala de um antropólogo que traz algumas observações pertinentes, lamentavelmente, porém, acaba descambando para o perigosíssimo terreno da divulgação de preconceitos étnico-culturais, talvez emitidos sem qualquer pesquisa própria a respeito, cuja base provável é um "ouvir dizer", cuja repercussão, na opinião pública, no entanto, pode vir a ser devastadora, tendo em vista que o autor possui um título de doutor e é professor em uma das mais respeitadas universidades do Brasil.
Numa longa entrevista, Eduardo Viveiros de Castro, professor no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mostrou-se pessimista em relação ao futuro da nação brasileira, e apresentou as razões deste seu pessimismo: “E em relação ao futuro sou pessimista, porque ... talvez ainda tenha um pouco de esperança, mas acho que o Brasil já perdeu a oportunidade de inventar uma nova forma de civilização. Um país que teria todas as condições para isso: ecológicas, geográficas”.
O culpado pela miséria que aí está seria D. Pedro II, porque iniciou um projeto “inspirado pelo célebre teórico racista Gobineau, que era uma grande admiração de D. Pedro: o Brasil só teria saída mediante o braqueamento da população, porque a escravidão tinha trazido uma tara, uma raça inferior”.
Em consequência, “o Brasil só ia melhorar com branqueamento. Isso foi uma política de Estado que durou décadas, e trouxe para o Brasil milhões de imigrantes alemães, italianos, mais tarde japoneses. Com o propósito explícito de branquear, não só geneticamente, mas culturalmente e economicamente. E eles foram para o Sul, de São Paulo até ao Rio Grande. Mas, esse que é o ponto curioso, a partir do governo militar para cá essa população branca invadiu o Brasil, a Amazônia. A colonização da Amazônia a partir da década de 70 foi feita pelos gaúchos, muitos deles pobres, que foram expulsos, alemães pobres, italianos pobres, cujas pequenas propriedades fundiárias foram absorvidas pelos grandes proprietários, também gaúchos, também brancos, e que foram estimulados pelo governo, com subsídios, promessas mirabolantes, a irem para a Amazônia. Hoje, tem um cinturão de cidades no sul da Amazônia com nomes como Porto dos Gaúchos, Querência, que é um lugar onde se guarda o gado, típico do Rio Grande do Sul. Os gaúchos [de origem europeia – inserção no original] chegaram numa região temperada, subtropical [sul do Brasil – inserção no original] em que você podia mais ou menos copiar um tipo de estrutura agrícola, de produção alimentar do país de origem. Só que na Amazônia isso é uma abominação. É um preconceito muito difundido essa ideia de que pessoal do Norte não sabe trabalhar, é preguiçoso. Você ouve muito isto no Paraná, no Rio Grande do Sul. Quem sabe trabalhar é o colono alemão, italiano”.
Por isso, “o Brasil está perdendo a oportunidade de se constituir como um novo modelo de civilização propriamente tropical, com uma nova relação entre as raças, que fosse efectivamente multinacional”. (...). “Porque estamos falando de colonos alemães que vieram do campesinato reaccionário, bávaro, pomerano, e dos camponeses italianos, que eram entusiastas do nazismo e do fascismo na II Guerra. Continuam sendo. O que tem de grupo de extrema-direita no sul do Brasil é muito. O foco da direita fascista, nazista é o Paraná e o Rio Grande do Sul. [Interessante, a antropóloga (!) Adriana Abreu Magalhães Dias tem inundado o planeta com notícias de que a METADE de todos os "neonazistas" que existiriam no Brasil está em Santa Catarina, mas o Sr. Viveiros de Castro nem cita esse estado; aparentemente, a Antropologia é uma ciência muito democrática, na qual cada um tem o direito de dizer aquilo que lhe dá na veneta; seria divertido, se não fosse trágico - inserção de REG]. Então o Brasil é um país dividido entre um sul branco e o resto não branco, português, negro no litoral, índio no interior”.
São palavras inovadoras, sábias, bem pesquisadas e ponderadas de um professor-doutor em uma universidade pública federal (financiada pelo conjunto da sociedade brasileira, incluindo, portanto, os tenebrosos coloninhos nazistas e fascistas, que, como todos nós, pagam pesadíssimos impostos). Richard Morse deve estar se revolvendo no túmulo, porque nunca intuiu uma interpretação tão fantástica do Brasil quanto esta. Simon Schwartzman, com certeza, devolverá seu diploma e sua tese de doutorado.
Adolf Hitler, em sua subjetividade antropológica, estava convicto de que, apesar de a Alemanha apresentar condições "ecológicas, geográficas" para "inventar uma nova forma de civilização", essa possibilidade fora frustrada pela população judaica que invadira o país. Para tentar reverter a situação, adotou a "solução final". Por analogia, se "o Brasil está perdendo a oportunidade de se constituir como um novo modelo de civilização propriamente tropical" por causa da invasão dos bárbaros coloninhos nazistas "alemães" e fascistas "italianos", será que algum salvador da pátria não pode aparecer por aí sugerindo que, também aqui, a única forma para resolver esse suposto problema é uma "solução final" aplicada aos ditos coloninhos? É difícil encontrar um "caçador de nazistas/neonazistas" cuja FORMA de pensar não tenha claríssimas afinidades eletivas (perdão, Goethe e Max Weber!) com Adolf Hitler!
A citada antropóloga doutoranda da UNICAMP Adriana Dias fez uma descoberta que revolucionou por completo a Antropologia. Ela descobriu que "os maiores crimes [neonazistas] aconteceram lá [no 'sul'], mas não NECESSARIAMENTE entre descendentes de alemães". Provavelmente o doutor Viveiros de Castro ainda não tomou conhecimento dessa transcendental descoberta, que está catapultando a universidade paulista para o topo dos rankings universitários do planeta. [18/3/2014]
Fonte: http://www.publico.pt/mundo/noticia/a-escravidao-venceu-no-brasil-nunca-foi-abolida-1628151