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            Em 8 de junho de 2009, escrevi carta (comprovadamente entregue) à então Procuradora-Geral de Justiça do RS, alertando para a necessidade de o MP-RS ficar atento a manifestações e atos de discriminação por etnia e/ou procedência nacional, neste estado (a carta está publicada em meu livro O neonazismo no Rio Grande do Sul, p. 145-147). Até a presente data, não recebi resposta nem consegui registrar efeitos. Após essa data, publiquei várias notas neste site sobre novos aspectos do mesmo tema, a última intitulada “Viva a imprensa livre – e responsável!”, datada de 7 de maio de 2014. Tenho dito que não investiria mais tempo nem dinheiro em relação ao MP-RS, pois a sensação que tenho é de que ali reina total indiferentismo em relação a essa questão.

 

            Jaime Pinsky é um historiador de méritos reconhecidos. Jaime Pinsky é diretor-editorial da Editora Contexto. Isso explica por que essa editora publicou livros fundamentais, de alto padrão científico, para a área de História. Essa tradição, porém, sofreu um aparente solavanco com a publicação recente (2015) de Operação Brasil: o ataque alemão que mudou o curso da Segunda Guerra Mundial, de autoria do tenente-coronel Durval Lourenço Pereira. Não há informações de que o autor seja graduado ou pós-graduado em História, e ele não possui Currículo Lattes.

Em 11 de novembro de 2014, em cerimônia na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, o município de Teutônia foi homenageado com o Prêmio Gestor Público Especial. Como o leitor pode conferir na próxima nota, entre agosto de 2010 e 31 de julho de 2012, o então procurador da República em Lajeado promoveu uma caçada a “neonazistas” nesse município, declarando, entre muitas outras pérolas, que queria “descobrir o que está levando a isso, entender o porquê de algumas regiões do Vale do Taquari – de colonização germânica – terem esta tendência" [!!] ao “neonazismo”. O procurador também afirmou que o (por ele) pressuposto “ressurgimento de um movimento neonazista [em Teutônia] revela graves problemas de índole cultural” (para ver, clicar aqui).

          

          Para quem não acompanhou a história, é necessário recapitular. Em 20 de abril de 2009, foi assassinado, no Paraná, um casal de supostos ou efetivos “neonazistas”, alegadamente por causa de uma disputa interna no grupo. Em maio, uma pessoa acusada de participar do crime, Jairo Maciel Fischer, foi presa em Teutônia/RS, onde ele – vindo do Paraná – trabalhava há cerca de 18 meses, numa fábrica de laticínios. A prisão desencadeou um verdadeiro delírio, porque “neonazistas” estavam sendo monitorados e presos no estado desde 2003, mas sempre na região metropolitana de Porto Alegre, e, mais recentemente, em Caxias do Sul. Como a unanimidade do senso comum imagina que “neonazismo” é, necessariamente, um produto exclusivo da “colônia alemã”, o alvoroço, até então, fora relativamente contido, porque, decididamente, não havia como ligar os casos anteriores à “colônia”. Isso, no entanto, mudou, de forma radical, a partir do episódio de maio de 2009.

 

            Em agosto de 2010, apareceram pichações com símbolos nazistas em placas de trânsito numa rodovia que atravessa o município de Teutônia (RS). Autoridades policiais desmentiram, de forma categórica, que elas tivessem sido feitas por “neonazistas” locais. Mesmo assim, o então procurador da República em Lajeado – a cuja jurisdição o citado município pertence – houve por bem investigar o caso. Em março de 2012, apresentou um relatório a respeito. Fiz a crítica dessa ação do procurador na nota “Que Deus proteja este nosso Rio Grande de virar uma nova Bósnia!” [clica aqui para lê-la]. Mais tarde, publiquei um livro intitulado O neonazismo no Rio Grande do Sul, no qual renovei minhas críticas (p. 112-125).