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Não conheço o jornalista Daniel Scola, da RBS, mas deve ser um profissional importante na empresa, pois ouço com muita frequência intervenções suas, sobretudo em transmissões de rádio. No caderno DOC de Zero Hora referente a 23, 24 e 25 de dezembro de 2017 (p. 22),  publicou uma entrevista com Tânia Terezinha da Silva, prefeita de Dois Irmãos. Eleita pela primeira vez em 2012, reelegeu-se em 2016. Por ocasião de sua primeira eleição, uma colega de Scola, no caderno Donna, do mesmo jornal, escreveu as asneiras que relato nas notas “A prefeita negra da Baumschneis” e “Atenção, hiper-racistas sedizentes antirracistas, a negra da Baumschneis fica”: “Surgiu da campanha eleitoral a definição que abriga, na mesma frase, a forasteira negra e a cidade de colonização alemã, a popularidade de uma dobrando a desconfiança de outra, a acolhida não deixa de evidenciar a maior diferença entre ambas”. Na época, fiz uma pesquisa na internet que indicou (mesmo que, obviamente, não com 100% de garantia de correção) que ela foi uma das apenas três mulheres negras eleitas prefeitas em todo o Brasil (as outras duas foram eleitas em PE e BA).


Provavelmente em função dos acontecimentos de Charlottesville/EUA, em agosto deste ano, duas revistas brasileiras de suposta ou efetiva divulgação científica dedicam matérias ao tema nazismo/”neonazismo”, em suas edições de outubro de 2017. Trata-se de GALILEU e SUPERINTERESSANTE. Nesta nota, tratarei da primeira revista, na próxima nota trato da segunda.

 

Em outubro de 2017, a revista SUPERINTERESSANTE dedica um dossiê a nazismo/”neonazismo” no Brasil. Contei 13 textos diferentes – com uma variedade de autore(a)s. Não vou arrolar e comentar todos os temas abordados, mas o panorama é amplo, e mesmo que o(a)s autore(a)s não sejam historiadore(a)s profissionais, nota-se um bom preparo.

 

 

Em 2015 ou 2016, recebi um e-mail de uma pessoa que dizia ter lido meus textos sobre “neonazismo”, afirmando que o problema estava no fato de eu não ter reconhecido o caráter mítico (místico?) do mesmo. Como me considero a personificação da racionalidade, simplesmente descartei a mensagem, sem preocupar-me em guardar o nome do remetente. Já neste ano de 2017, descobri uma dissertação de mestrado cuja leitura me fez relembrar aquele e-mail descartado, sem resposta, levando-me a desconfiar que o autor possa ser o remetente.

 

 

 

Na edição de 14 de abril de 2017, tanto Correio do Povo quanto Zero Hora repercutiram uma matéria originalmente apresentada por Sul21, segundo a qual uma estagiária do curso de Filosofia da PUCRS teria feito apologia do nazismo, no primeiro dia de sua atividade no Colégio Estadual Paula Soares, em Porto Alegre. Se nossa imprensa de meia canela tivesse anunciado que a estagiária chegou à sala de aula e disse aos alunos que durante seu estágio trataria de apenas um filósofo, de Martin Heidegger, o qual, em sua opinião, foi o único do século XX que teve uma coerência absoluta entre pensamento e ação, eu diria que uma eventual suspeita em relação às intenções da moça poderia ser entendida. [Nada contra nem a favor de Heidegger, estou fazendo apenas um exercício de lógica; depois de ter lido uma página e meia de um texto dele, no original (!), desisti, por não ter entendido nada].